Com os preços dos carros 0 km atingindo níveis recordes, o mercado de seminovos e usados tem se consolidado como a principal alternativa de mobilidade para grande parte da população brasileira. O movimento, que começou a ganhar força nos últimos anos, se intensificou a partir de 2024, impulsionado pela alta nos preços dos veículos novos, pelos juros elevados no financiamento e pela maior oferta de opções no setor de usados.
Atualmente, os modelos considerados mais baratos no mercado de carros novos ultrapassam os R$ 75 mil, o que os torna inacessíveis para uma parcela significativa da população. Em contrapartida, veículos seminovos, com um ou dois anos de uso, chegam a custar até 30% menos, mantendo boa conservação, baixa quilometragem e tecnologia atualizada. Além do preço de compra mais acessível, outros custos como IPVA, seguro e manutenção tendem a ser menores em modelos com alguns anos de uso, o que contribui para o crescimento da preferência por essa categoria.
Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que 2024 registrou a maior movimentação no mercado de veículos usados desde 2011, com mais de 15,7 milhões de unidades negociadas. A projeção para 2025 é de crescimento contínuo, com expectativa de ultrapassar a marca de 17 milhões de veículos até o fim do ano. Só no primeiro trimestre, o número de transferências cresceu cerca de 10% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Além da questão financeira, a maior segurança jurídica também tem favorecido a compra de carros usados. Com a entrada em vigor do Marco Legal de Garantias, passou a valer o direito a 90 dias de garantia para quem compra veículos usados, ampliando a confiança dos consumidores. Outro fator relevante foi a digitalização do processo de compra, com plataformas como o Renave (Registro Nacional de Veículos em Estoque), que simplificam a transferência de propriedade e reduzem o risco de fraudes.
O cenário de crédito também contribui para a migração. Com a taxa de juros para financiamento de veículos ainda próxima dos 29,5% ao ano, o custo total de aquisição de um carro zero pode aumentar significativamente. No caso dos seminovos, o valor de entrada tende a ser menor e o prazo de pagamento mais flexível, o que reduz o comprometimento de renda.
Outro dado relevante é que boa parte dos carros usados vendidos no país têm mais de 13 anos de fabricação, o que levanta preocupações sobre segurança e emissão de poluentes. Especialistas apontam que, embora essa categoria represente uma solução de curto prazo, ela também evidencia a falta de políticas públicas voltadas para a renovação da frota. Enquanto isso, o mercado de seminovos com até três anos de uso lidera em volume e estabilidade, oferecendo equilíbrio entre custo e desempenho.
Os modelos mais procurados seguem sendo os chamados populares, como Volkswagen Gol, Fiat Uno, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Fiat Palio. Esses veículos oferecem bom histórico de revenda, manutenção simples e disponibilidade de peças, o que os torna atrativos tanto para consumidores quanto para revendedores.
Com a combinação de preços acessíveis, menor impacto financeiro e mais segurança jurídica, o carro usado se consolida como uma resposta prática ao novo cenário econômico brasileiro. Diante das atuais condições de mercado, ele tem assumido o papel que, por muitos anos, foi ocupado pelos modelos populares 0 km.
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