Etanol pode ser via mais vantajosa para transição energética

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Nos últimos anos, a discussão sobre o aquecimento global vem crescendo e ganhando força. As mudanças climáticas e o aumento no número de tragédias naturais confirmam que as ações dos últimos anos têm impactado o nosso planeta. No ano passado, as Nações Unidas (ONU) publicaram um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas) que enviou um “alerta vermelho” para a humanidade. O motivo é que, segundo cientistas, a Terra nunca esteve tão quente como nos últimos 125 mil anos. 

Só para se ter uma ideia, um dos fatores que mais confirmam os efeitos do aquecimento global é que as coberturas de gelo da Groenlândia e da Antártica já estão derretendo rapidamente. Com isso, os níveis globais do mar subiram dezenas de centímetros no último século e continuam se elevando. Ainda de acordo com os especialistas climáticos, o número de desastres relacionados ao clima quintuplicou nos últimos 50 anos e os oceanos tornaram-se 40% mais ácidos, afetando a vida marinha. De acordo com relatório de 2018 do IPCC, uma das medidas para diminuir consideravelmente o impacto do aquecimento global, é de que as emissões de carbono precisam diminuir cerca de 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010 para que o aquecimento global se mantenha abaixo de 1,5°C.

Vale lembrar também do Acordo de Paris: Em 2015, foi aprovado e assinado durante a Conferência das Nações Unidas e os países membros se comprometeram a reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio da adoção de práticas de baixo carbono.

Medidas para reverter a emissão de gases

Por esse motivo, setores econômicos tiveram que rever suas atividades e apostar em sustentabilidade nos negócios. No setor automotivo não foi diferente. De acordo com o site Agro Ícone, o setor de transportes é responsável por 23% das emissões globais de gases do efeito estufa, sendo parte do setor de energia como um todo que é responsável por 73% das emissões (incluindo geração de eletricidade e calor e outras fontes de emissões). 

Para diminuir esse impacto, na Europa, uma resolução foi aprovada que obriga a todos os países a cortarem as emissões de gases de efeito estufa geradas por automóveis em 100% até o ano de 2035. Na Califórnia, 2035 também é o prazo limite para que todos os carros vendidos no estado sejam do tipo emissão zero. No mesmo, a China espera que metade de seus veículos novos já usem fontes energéticas não poluentes. 

O Brasil tem contribuições relevantes no desenvolvimento de plataformas de bioprodutos de baixo carbono, como a bioenergia, que garante a produção de etanol e vários outros produtos. Ainda de acordo com o site Agro Ícone, a bioenergia ainda é uma opção de disponível em larga escala, com grande potencial de expansão.

Etanol na transição energética

Com o avanço dos estudos referente a uma substituição mais ecológica para o funcionamento dos automóveis, um combustível muito conhecido vem se destacando no Brasil: o etanol. O fato de existir uma indústria consolidada do etanol no país é um dos principais argumentos. Outro motivo que pesa muito a favor é o fato de os veículos abastecidos por etanol emitem até 73% menos gás carbônico em comparação aos veículos movidos por gasolina. 

Um relatório produzido pela Raízen, empresa integrada de energia, buscou evidenciar aspectos relacionados à sustentabilidade do etanol como solução global para uma economia de baixo carbono. No estudo são apresentados fatos que corroboram para a relevância do setor sucroenergético brasileiro na transição energética global, seus padrões superiores de sustentabilidade e reforçam a importância do protagonismo do etanol numa economia de baixo carbono. Além da comprovada qualidade de seus produtos, o etanol contribui significativamente para a gestão sustentável do solo, a mitigação dos GEE e para o bem-estar de milhares de trabalhadores e agricultores. Ainda de acordo com o estudo, entre março de 2003 e maio de 2020 (após introdução dos carros flex) o consumo de etanol evitou a emissão de mais de 515 milhões de toneladas de CO2e na atmosfera. Esse volume é equivalente às emissões anuais somadas de Argentina, Venezuela, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai.

O estudo aponta ainda outros motivos pelos quais o uso do etanol é vantajoso e tem maior performance:

• Maior produtividade comparado com outras culturas;

• Energia da própria planta (para consumo próprio e exportação de energia);

• Lavoura semi-perene, com capacidade de estocar carbono e sem relação com desmatamento;

• Plataforma tecnológica em evolução contínua.

Vantagens dos carros movidos por etanol

Para começar, é preciso falar em proteção ambiental e qualidade de vida. Como falamos, o etanol é o combustível que emite menos gases poluentes em comparação aos combustíveis fósseis como a gasolina. Ao escolher o etanol, as emissões de gases de efeito estufa diminuem consideravelmente. Um estudo da Universidade de São Paulo concluiu que o uso do etanol nas oito principais regiões metropolitanas do Brasil tem sido responsável pela redução de quase 1,4 mil mortes e a queda de cerca de nove mil internações anuais provocadas por problemas respiratórios e cardiovasculares associados ao uso de combustíveis fósseis. Trata-se de uma economia de R$ 430 milhões por ano para o sistema de saúde pública e privada. Isso porque o etanol evita a emissão de uma série de poluentes nocivos à saúde, incluindo o material particulado fino.

Outra vantagem que podemos citar é para o funcionamento do carro. Desde 2015, a mistura de 27% de etanol está regulamentada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). De acordo com especialistas, a combinação dessa mistura é altamente benéfica já que o etanol funciona como um antidetonante da gasolina nessas proporções. Isso significa um aumento no índice de octanagem, resistindo a maiores compressões, porque o poder calorífico do etanol é menor.

Ao optar pelo etanol, o consumidor pode também fortalecer a economia brasileira. São cerca de 70 mil produtores rurais independentes que lidam com o plantio de cana-de-açúcar. Além disso, o setor sucroenergético é responsável por empregar cerca de 2,3 milhões de trabalhadores no País, que se beneficiam direta ou indiretamente da cadeia da cana-de-açúcar. A área plantada por esses produtores ocupa apenas 1,2% do território brasileiro, cerca de 8,4 milhões de hectares pelo País, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento. São 360 usinas que processam essa plantação, beneficiando cerca de 1.200 municípios brasileiros.

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