Será que os carros populares vão voltar?

⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos

De fato, já se foi a época em que os carros populares – na faixa dos R$ 30 mil – eram uma realidade para o consumidor brasileiro. O que nós vemos hoje são os modelos de entrada com o valor perto dos R$ 70 mil. O Renault Kwid, por exemplo, o mais barato do país atualmente, tem preço inicial de R$ 68.190 na versão mais básica.

O carro popular foi uma categoria de veículo que ganhou o coração de muitos brasileiros no passado. A ideia era simples: oferecer carros por preços mais acessíveis que cabiam no bolso de mais consumidores. Antes de detalhar sobre a possível volta, vamos a um resumo da história feito pelo site Olhar Digital:

– O segmento foi muito importante para a indústria nacional e ajudou montadoras em tempos de crise e foi até usado como aliado para aquecer a economia do país.

– Nos anos 1990, o carro popular decolou de vez durante o governo Itamar Franco com redução no IPI e ficou marcado pelo motor 1000 e pela falta de acessórios para cortar custos.

– As vendas saltaram de 764 mil unidades em 1992 para 1.131.000 no ano seguinte, atingiu recorde de vendas em 1997: 1.943.000 unidades.

– Para ter uma ideia, os populares chegaram a representar 71% de todos os veículos vendidos no Brasil em meados dos anos 1990.

– Entre os representantes mais icônicos, temos o Uno Mille da Fiat e o Gol da Volkswagen (ambos se aposentaram no fim do ano passado).

– Avançando algumas décadas no tempo, os carros populares foram ficando cada vez mais caros e perderam espaço para os chamados “popular premium”, caso de modelos como o Volkswagen Polo, Fiat Argo e Chevrolet Onix.

Quanto custa e como será o novo carro popular?

Segundo as informações da Folha de São Paulo, a proposta não será tão atrativa como no passado do ponto de vista de preço. As promessas são de carros novos a partir de R$ 50 mil, com motor 1.0 e movidos somente a etanol, considerado um combustível mais verde do que a gasolina.

Atualmente, a iniciativa está em discussão no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Para voltar a reduzir os preços, um dos planos do governo é adotar a mesma estratégia do passado, ou seja, reduzir tributos.

Simulações têm sido feitas entre as montadoras interessadas e o governo, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite. Porém, para o industrial, um carro popular que seja feito nos moldes dos fabricados no início do programa de carro popular, durante o governo de Itamar Franco, entre 1992 e 1995, custaria algo em torno de R$ 80 mil, segundo Leite. Os preços dos carros mais baratos vendidos no Brasil hoje giram em torno de R$ 70 mil.

“Não sabemos se é ou não factível e nem tampouco se haverá renúncia fiscal. Por enquanto estão sendo feitas simulações”, destaca Leite. Segundo ele, a Anfavea não se envolverá diretamente nessas negociações porque não se trata de um plano que envolve todas as associadas.

A entidade apenas ajustou o valor do que era o popular lançado no início da década de 1990 para os dias atuais, com base nos índices de inflação, e chegou à conclusão de que aqueles modelos custariam hoje em torno de R$ 80 mil. Na época, foram lançadas versões de populares variadas. As mais vendidas foram as do Fusca e do Gol, da Volkswagen, e do Uno Mille, da Fiat. “Estamos falando de um tipo de veículo que na época não tinha sequer o retrovisor do lado direito, apenas o do motorista. Hoje os carros têm itens (obrigatórios) como airbag e freios ABS (sistema de frenagem que evita que o veículo derrape)”, diz Leite.

Então, devido às exigências da legislação e dos próprios consumidores, as entidades envolvidas ainda não chegaram a uma fórmula que viabilize um novo carro popular ou um carro de entrada acessível. Mesmo que o projeto avance, entretanto, as opções não serão muitas. Somente sete marcas de automóveis poderiam trabalhar rapidamente num carro popular para 2023 – e eles não passariam de nove modelos. As marcas são: Chevrolet, Citroën, Fiat, Hyundai, Peugeot, Renault e Volkswagen. E os carros seriam estes: Onix Hatch, Novo C3, Mobi, Argo, HB20, 208, Kwid, Stepway e Polo Track.

O que nos resta é aguardar e torcer para que volte a existir um carro acessível para todos e dentro de todas as exigências de segurança do mercado. Vamos conferir!

Compartilhe: