Os tempos de fábricas de automóveis fechando no Brasil parecem ter ficado para trás. Desde os últimos meses de 2023, o que temos visto são anúncios bilionários de investimentos. O aporte total a partir deste ano até 2032 será de cerca de R$101 bilhões, anunciado por 12 montadoras, para a atualização de fábricas e produção de novas plataformas, motores e veículos. Se considerados os aportes feitos a partir de 2021, o número salta para R$125 bilhões.
Segundo o economista Daniel Cavagnari, o Brasil pode se firmar como referência na produção de carros cada vez mais sustentáveis. “O incentivo do Governo Federal é: a montadora quer fabricar um carro de energia limpa? Então, produza aqui dentro do Brasil. A produção de veículos vai gerar, no mínimo, mais de 10 mil empregos no setor”, disse.
A Stellantis, por exemplo, anunciou que irá investir R$30 bilhões no Brasil até 2030. Com isso, chega a 11 o número de montadoras que divulgaram planos de investimento após o anúncio do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Ao todo, pretende desembolsar um total de R$97,3 bilhões, com foco em carros elétricos e híbridos. Responsável por 14 grandes automotivas, como Fiat e Jeep, o grupo pretende lançar 40 novos produtos durante o período, com destaque para novas tecnologias, como a Bio-Hybrid, que combina eletrificação com motores flex movidos a biocombustíveis (etanol) em três diferentes níveis. A tecnologia está sendo desenvolvida no Polo Automotivo Stellantis em Betim (MG). A expectativa é que, no futuro, a empresa também produza um veículo elétrico a bateria (BEV).
A Toyota vai aplicar R$11 bilhões para o aprimoramento de suas unidades no país. Enquanto a General Motors, Volskwagen, Renault, Nissan e BYD também possuem planos bilionários. O otimismo se mantém no mercado de caminhões. O segmento espera crescer entre 10 e 15% este ano, o que pode contribuir para a geração de mais empregos no setor. A Volvo, por exemplo, declarou que deve usar cerca de R$1,5 bilhão para sofisticar sua fábrica em Curitiba.
Mas por que estão escolhendo o Brasil?
Ao que tudo indica, a maior parte dos anúncios das montadoras revelam uma estratégia em comum para o novo ciclo de investimento: a produção de pelo menos um modelo híbrido, a maior parte deles, flex. Mais uma vez, não se trata de coincidências, pelo contrário, revela o momento divisor de águas que o Brasil, e o mundo estão passando, a pressão pela descarbonização.
Como o caminho elétrico ainda não é viável em larga escala, a solução para atender às normas legislativas, e pressão de órgãos internacionais, é investir em algo que tem sido muito bem recebido pelos brasileiros. Afinal, a tecnologia híbrida permite autonomia e redução do consumo de combustível (e emissões), sobretudo aliada ao etanol, que é considerado um combustível verde.
Veja a lista dos investimentos anunciados pelas montadoras no Brasil:
Stellantis – R$ 30 bilhões (2025/2030)
Volkswagen – R$ 16 bilhões (2022/28)
Toyota – R$ 11 bilhões (2024/30)
GWM – R$ 10 bilhões (2023/32)
General Motors – R$ 7 bilhões (2024/28)
Hyundai – R$ 5,45 bilhões
Renault – R$ 5,1 bilhões (2021/27)
BYD – R$ 5 bilhões (2024/30)
Caoa Chery – R$ 4,5 bilhões (2021/28)
Nissan – R$ 2,8 bilhões (2023/25)
BMW – R$ 500 milhões