A venda de veículos elétricos cresceu 536% no primeiro quadrimestre de 2024. Esse cenário colocou o Brasil como o principal mercado de exportação de carros chineses de energia nova. Os dados são da Associação de Carros de Passageiros da China (CPCA na sigla em inglês).
Em abril, o Brasil importou 40,9 mil veículos elétricos e híbridos da China, uma cifra 13 vezes maior que a do mesmo mês em 2023. Com isso, superou a Bélgica como principal destino das exportações desse tipo de carros da China, e também se tornou o segundo maior de todos os tipos de carros do gigante asiático, atrás apenas da Rússia.
O motivo, em parte, tem a ver com o imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in (em que a bateria elétrica é a fonte principal de energia), que foi retomado em janeiro deste ano e deve aumentar até o ano que vem. Vendedores chineses aproveitaram a janela para comercializar mais veículos antes que o aumento progressivo faça a taxa chegar a 35% em julho de 2026. Além disso, quanto menos baseado em eletricidade for o carro, maior a taxa.
Desde o ano passado, as fabricantes chinesas BYD e GWM têm investido fortemente no mercado brasileiro, planejando iniciar a produção local no próximo ano e expandindo suas redes para atender à crescente demanda por modelos eletrificados, tanto híbridos quanto 100% elétricos. A rede de concessionárias no Brasil está em expansão, mesmo com a redução no número de grupos operando no setor. A maioria das concessionárias agora é multimarca, uma mudança significativa em relação aos anos 80 e 90, que ajuda a mitigar riscos associados ao desempenho de marcas específicas.
A BYD exemplifica essa estratégia, operando atualmente com 97 concessionárias pertencentes a 39 grupos, com a meta de atingir 250 pontos até dezembro. Grupos como Grand Brasil em São Paulo, Via 1 no Nordeste e Via Porto no Rio Grande do Sul são parceiros-chave nessa expansão. A BYD já é a marca que mais vende carros elétricos, seguida pela GWM, e ambas já têm fábricas confirmadas para o país. A BYD comprou a fábrica da Ford em Camaçari (BA) e tem a intenção de iniciar a produção até o início de 2025.
Já a GWM comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, e no dia 1º de maio de 2025 iniciará a fabricação do Haval H6. Outros modelos poderão ser produzidos na unidade, como mais SUVs e o elétrico Ora 03.
Essa expansão reflete a resiliência e a adaptação do mercado automotivo brasileiro, que continua a crescer e evoluir, impulsionado pela demanda por veículos eletrificados e pela entrada de novas marcas no país.