O mercado automotivo brasileiro começou 2025 com uma tendência clara: os seminovos estão ganhando espaço acelerado enquanto as vendas de veículos 0 km dão sinais de enfraquecimento. De acordo com dados divulgados pela Fenauto, a venda de seminovos — veículos com até três anos de uso — cresceu 32,3% entre janeiro e maio deste ano, saltando de 1,03 milhão para 1,37 milhão de unidades no comparativo com o mesmo período de 2024. Em contrapartida, o ritmo de comercialização dos modelos novos está mais contido, indicando um consumidor mais cauteloso diante das condições econômicas atuais.
O movimento não é isolado. O mercado de usados como um todo também apresentou crescimento, mas de maneira mais moderada: foram 6,9 milhões de unidades vendidas nos primeiros cinco meses do ano, um avanço de 14,3% em relação a 2024. Dentro desse universo, os seminovos se destacam como a faixa que mais cresce, impulsionando concessionárias e lojistas a repensarem estratégias e estoques.
Entre as razões para essa virada de chave está o cenário macroeconômico. A combinação de juros elevados, restrições no crédito e aumento da inadimplência tem dificultado a aquisição de veículos novos, especialmente via financiamento. Para muitos consumidores, a troca por um carro zero simplesmente deixou de caber no orçamento. A solução tem sido buscar alternativas mais acessíveis, mas ainda com bom valor agregado, e é aí que os seminovos entram como protagonistas. Eles oferecem menor depreciação, garantia estendida e tecnologia recente, mas com um preço muito mais atrativo.
Outro fator que contribui para a maior oferta de seminovos é a renovação de frota das locadoras e empresas, que abasteceu os pátios das concessionárias com veículos pouco rodados. Essa dinâmica aumenta a competitividade e reforça o apelo do seminovo como a escolha mais racional no momento. Não por acaso, enquanto as vendas diretas de veículos 0 km para locadoras e grandes clientes seguram parte do desempenho das montadoras, o varejo mostra sinais claros de desaquecimento.
O recorte por idade do carro ajuda a ilustrar a mudança no perfil do consumidor. Os modelos com até três anos de uso cresceram mais de 32%, enquanto veículos com quatro a oito anos tiveram alta tímida de pouco mais de 5%. Curiosamente, os carros mais antigos, com mais de 13 anos, também avançaram 21%, indicando que há espaço tanto para quem busca custo-benefício quanto para quem precisa de uma solução extremamente acessível.
Para o restante do ano, a expectativa é de que esse movimento perca força. Em maio, por exemplo, a média diária de vendas de usados recuou 1,4% em relação a abril, sinalizando que a forte alta registrada no início do ano pode não se repetir no segundo semestre. Mesmo assim, a Fenauto projeta que 2025 termine com crescimento de 5% a 6% no mercado de usados, patamar ainda positivo, mas longe do ritmo atual.
Para concessionárias, a mensagem é clara: apostar em seminovos não é apenas seguir uma tendência, mas uma necessidade para manter competitividade. Estoques bem selecionados, transparência na negociação e condições de financiamento atrativas são pontos-chave para conquistar um consumidor que está mais exigente e cuidadoso com o bolso. Em um cenário desafiador para os carros novos, quem souber aproveitar a força dos seminovos pode transformar esse momento em oportunidade de crescimento.
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