Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil em março subiram 53% sobre fevereiro, para 198,9 mil unidades, avançando 35,5% sobre o mesmo mês de 2022, segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Em março, apenas o segmento de caminhões apresentou performance negativa na comparação anual, recuando 7,3%, para 9.389 veículos. As vendas de automóveis e comerciais leves —picapes, utilitários esportivos e vans— subiram quase 56% na comparação mensal e 38,3% na anual em março, para 186,5 mil unidades, segundo os dados da entidade. No primeiro trimestre, o segmento apurou evolução de 16,6% sobre um ano antes.
Os dados divulgados contrastam com as paralisações de fábricas brasileiras, anunciadas pelas montadoras no fim do mês passado. Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocaram funcionários em férias coletivas pela redução de demanda.
Ainda segundo a Fenabrave, os meses de janeiro e fevereiro de 2023 foram ruins para o setor. Janeiro teve queda de 34% nos emplacamentos comparado ao mês anterior — ainda que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022. Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%. Considerando apenas automóveis, houve redução de 7% e 4,2%, respectivamente. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.
O presidente da Fenabrave, José Andreta Jr., afirmou que o principal motivo para o crescimento foi bases de comparação mais fracas tanto no mês quanto no ano. Já a queda nos emplacamentos de caminhões se deu pela transição entre veículos padrão “Euro 5” para “Euro 6”. Esses padrões regulamentam a emissão de poluentes. “O desempenho fraco do primeiro trimestre de 2022 distorce o resultado de 2023. Diante da queda de mais de 23% dos emplacamentos somados de autos, leves, caminhões e ônibus registrada nos três primeiros meses de 2022, o crescimento de 16,3% não reflete a realidade do mercado, precisamos comparar com 2019, antes da pandemia”, disse Andreta Jr.
Em março de 2019, os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus totalizaram 209,1 mil unidades. “Espero que retorne aos níveis de 2019, ou voltarmos um dia a 2012”, disse Andreta se referindo ao pico da indústria, quando um recorde de 3,8 milhões de veículos novos foram vendidos no Brasil. Será que isso voltará a acontecer?!